Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

LAILA ZANOV

 

 

 

Laila Zanov: natural de Itajaí, SC, é poeta, cronista, contista, roteirista; senhora de muitas fobias e de algumas ousadias. A loucura, o preconceito, a solidão, a morte, a noite são temas recorrentes em sua arte poética. Zanov escreve desde a adolescência, mas suas primeiras publicações datam de julho deste ano. 

 

 

 

 

SANTA CATARINA

 

Um operário espirra algumas vezes, seu nariz coça,

Ele reluta, tenta conter o incômodo.

Na câmara fria uma parte do teto desaba,

O gelo trincado fere a cabeça do trabalhador.

Soam o alarme, a porta é aberta.

- Querem morrer? Por que não tentam trabalhar direito?

O jovem ferido é arrastado para fora, convulsiona.

A ambulância vem buscá-lo.

Ele retorna ao expediente após três dias de atestado médico;

Uma semana depois é chamado a comparecer no Departamento Pessoal.

Voltará mais cedo para casa.

Nas fazendas de soja o imigrante é útil,

Não há lirismo algum em suas frases curtas.

Pronúncia precária.

- manman, papa, frè...

- Zanmi! Zanmi!

O supervisor o manda calar a boca.

- fatige soti

- Dívida! DI VI DA, PA TRÃO! VO CÊ TEM DÍ VI DA! Entendeu?

Marrom é a cor da luta e do preconceito no Vale Europeu.

 

 

 

ALZEIMER

O Senhor Geraldo segue seu caminho com uma boneca ao colo.
Seus passos são lentos e largos, parece intrigado e tenta pisar no centro de sua sombra.
Súbitos emocionais de sua infância se confundem com a realidade presente.
Como dói amanhecer órfão em sua velhice!
Num impulso, ele abre os braços;
Alícia cai de costas. Ele se apavora, uma vizinha se apressa para ajudá-lo.
Ele chora, precisa socorrer sua bebê, não permite que a vizinha se aproxime.
Está desesperado, implora o perdão de Alícia.
- Sua mãe vai ficar furiosa, minha criança!
Ampara-a e retorna correndo para casa. A filha o encontra, estava a sua procura.
- Paizinho! O Senhor saiu sem avisar.
- Zema, veja! Ela caiu! Ela caiu do meu colo. Foi o velho no chão!
Eu estava tentando acertar sua barriga, mas ele continuava, Zema! Ele continuava...
- Pai, eu sou Alícia, estou aqui, estou bem. Vem, paizinho!}

- Não, Zema! Ela está tão calada, não diz nada, e nem chorou ao cair...
A nossa menina bateu a cabeça, bateu forte no cimento.
Havia a sombra de um homem no chão, a nossa frente, era a imagem escura de um velho,
e ele a levava abraçada contra seu peito. Foi muito assustador, eu vi o lacinho nos cabelos dela,
os movimentos, fazia tudo igual a nós. Quis pegá-lo antes que fugisse.
Quis salvá-la! Vamos! Vamos! Precisamos de um médico!

Alícia chora e o abraça:
- Ela está bem, não precisamos de um médico.
Não! Não, Zema! Não somos nós. É a menina, a menina precisa. É para ela...
Será crueldade da noite devolvê-lo com aparente sarcasmo aos seus dias de sol?
Todos esperamos o milagre de uma morte calma, sem sustos.
Sem sustos!
O Senhor Geraldo divaga nos fragmentos de sua essência.
Riso a riso, dor a dor, pedra a pedra...
Abandona-se sem limitações ao passado.
O esquecimento é um antídoto transgressor, atua muito além da névoa fria da decomposição física.
Que os nuncas de suas memórias jamais o abandonem!
Adeus às tristes verdades!

Bem-vindas as adoráveis ilusões!

 

*

 

VEJA E LEIA  outros poetas de SANTA CATARINA em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/santa_catarina/santa_catarina.html

Página publicada em novembro de 2021


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar